NA MINHA MÃO É 10!
Danielle Cukierman se utiliza, para nomear a mostra de suas obras, do pregão popular, do anuncio feito pelos vendedores ambulantes ao promover suas mercadorias. Importante referencia cultural, o pregão possibilita o conhecimento de vários aspectos dos usos e modos de vida de uma sociedade. A criatividade é a base do comércio de rua que conta com pouca estrutura e precisa se apoiar no intuitivo, no apelo emocional e nas referencias ao senso comum de um determinado meio cultural. Matéria prima dos trabalhos de Danielle, as embalagens e redinhas protetoras de frutas e legumes, também convivem com ambulantes, feiras e mercados. Um olhar poético para esse material colorido, de várias texturas e tramas, despertou na artista a comparação entre o mercado de alimentos e o mercado da arte. Os questionamentos que envolvem valores e capacidade do artista perpassam as obras que por vezes deixam bem explicitas as propostas. As obras Rei e Selecionada jogam com esses conceitos. As redes seriam para Danielle Cukierman o mercado de arte, a estrutura que envolve o artista colocando-o diante do expectador, preparando-o para ser avaliado e julgado. Assim como o limão, que na mão do ambulante vale 10, é considerado Maduro e atinge a categoria de Rei.
Danielle também utiliza acrílica sobre tela, giz de cera e aquarela em seus trabalhos. Mas são as várias redinhas coloridas, recolhidas antes do descarte, que primeiro a fascinaram. A rede tornou-se, na psicologia, o símbolo dos complexos que entravam a vida interior e exterior, cujas malhas são igualmente difíceis de serem desatadas e desenredadas. É igualmente comparada à teia onde a aranha, vigilante, aguarda sua presa. Mas em todas as representações simbólicas a rede é considerada como objeto sagrado, servindo de veículo de captação de força espiritual. Na minha mão é 10 reune obras expressivas que encantam pela originalidade, pela escolha de cores e formas que dizem da delicadeza da artista que olhou para o
descartável e soube ver o belo.